A saída de emergência era a única coisa que ela conseguia enxergar de lá de dentro.
Uma fumaça inebriante, uma música tão alta que mal se podia sentir o próprio coração bater. Corpos tão próximos que pareciam um só, perdidos num momento único de prazer e solidão.
...
- A saída! Finalmente!
Correu ainda meio zonza e confusa até a porta quando finalmente conseguiu um pouco de ar puro... Naquele beco escuro com uma meia dúzia de transeuntes bêbados e drogados ela só conseguia pensar em uma coisa:
- Mas afinal de contas, como eu vim parar aqui?!
Parte da memória havia se perdido pelo caminho, assim como a vergonha e o respeito-próprio. Poucas lembranças ajudavam a montar o quebra-cabeças daquela menina de vinte e poucos anos. Os cabelos negros moldavam o rosto que ostentava um olhar tão triste, tão perdido, tão vazio que era capaz de fazer qualquer um sentir a sua dor só de olhar pra ela.
Resolveu caminhar pela cidade cinza até encontrar um lugar onde se sentisse menos vazia.
3 da manhã, um céu morto, uma cidade anestesiada, uma menina perdida e uma vida roubada.
2 comments:
lindo e triste
Gostei. Bastante.
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